quinta-feira, 5 de junho de 2008

Carta

São Joaquim, 23 de dezembro de 2005.


Cara Ângela.


Eu sou fruto de uma geração criada a ferro e fogo.
Onde à vontade do chefe de família, no caso meu pai, certa ou errada era incontestável e eu sempre respeitei meu pai.
Bem ou mal, eu fiz o que meu pai e minha mãe queriam, ter um curso universitário.
E para isto tive que desistir de muitas coisas, como ter uma esposa conviver com meus filhos ter uma família. Passei fome física moral e espiritual, morei em porões reais e imaginários, tinha e tenho como todos nós conflitos do corpo e da alma. E ainda posso me surpreender com aqueles que não precisam morar em porões e nem mesmo passar fome, nem isto consigam.
Meus irmãos e eu nunca fomos uma família e talvez jamais seremos. Mas somos uma colméia. E você o André e todos os outros fazem parte dela.
Natal dia 25 para mim sempre foi uma farsa.
Natal para mim é os poucos dias em que abracei meu pai, minha mãe, meus irmãos, meus filhos, meus sobrinhos, meus amigos, nem posso dizer os meus amores pois quem tem vários não tem nenhum.
Neste tipo de família alguns só se tornam um indivíduo quando o pai morre.
Para mim não existe briga, por bens materiais, a minha briga é por eu mesmo, ser um indivíduo. Estou apenas me defendendo daqueles que direta ou indiretamente querem impor a sua vontade se intitularem chefes ou líderes. E felizmente “líder é quem abre o espaço para os outros e não, ocupar o espaço do outros.”
É bom ser cutucado, ouvir desabafos e também desabafar, assim nos conhecemos melhor e também aos outros.

Que o teu Natal, o meu e de todos nós, sejam todos os dias de nossas vidas.

Um Abraço.

Ronald.

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