segunda-feira, 16 de maio de 2011

Breviário Cívico

BREVIÁRIO CÍVICO
Henrique Coelho Neto
O homem sem iniciativa, que tudo espera do acaso, é como o mendigo, que vive de esmolas.
A mais bela coragem é a confiança que devemos ter na capacidade do nosso esforço. O que sobe por favor deixa sempre rastro de humilhação.
O caminho está aberto a todos, e se uns vencem e alcançam o que almejam, não é porque sejam predestinados, senão porque forçaram os obstáculos com arrojo e tenacidade.
Não há arrimo mais firme do que a vontade. O que se fia em si mesmo é como o que viaja com roteiro e provido de farnel e não perde tempo em informar-se do caminho nem em buscar estalagem para comer.
Só há uma sina a que o homem não pode fugir é o trabalho — ponte lançada sobre o abismo da miséria, no fundo do qual gemem todas as dores, rugem todos os vícios e escabujam em lama todas as vergonhas.
É um passo estreito, por vezes oscilante, mas quem se atira por ele com firmeza de ânimo e olhar alevantado atravessa-o, alcançando, no outro lado, a fortuna.
Quem desanima ou se deixa vencer pelo terror, fica na pobreza ou rola do alto, e, uma vez caído, só com redobrado esforço conseguirá voltar acima, ferindo-se nas arestas dos alcantis, e, às vezes, trazendo manchas de lama, que é o fundo do precipício.
Aquele que confia em si anda sempre de olhos abertos; o que se entrega a outrem vai como cego; e tanto pode ser guiado para o bem como dirigido para o mal.
A fortuna é como o fruto que se não dá senão a quem o vai colher no ramo esperá-lo debaixo da árvore até que se desprenda do galho é dispor-se a comê-lo podre.
O homem que diz “Eu quero!” é como a ave, que se levanta na força das próprias asas, cruzando o espaço como entenda; aquele que diz “Eu espero…” é como a flecha, que só se dirige na direção da pontaria, caindo, inerte, desde que cesse o impulso da corda que a disparou.
Só os fracos, os impotentes quedam na resignação; os enérgicos insurgem-se, lutam, dão combate à vida e vencem.

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