segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Neste Natal?

Neste Natal? Neste Natal não!
Neste Natal eu queria escrever um poema. Uma mensagem vinda do céu escoltada por anjos emitindo de suas trombetas e liras a mais maviosa melodia, lá do paraíso onde a música nasceu atravessando as estrelas e entrando direto no teu coração. Mas não posso.
Seis horas da manhã, estou chegando em casa. Saí no começo da noite, fui confraternizar com amigos, bebi minhas cervejas, e por curiosidade resolvi esticar a noite, fui a muitos lugares da época em que em que saía para paquerar.
O choque de início é gradual, fui filmado e marcado com tintas cintilantes, entrando o choque é corpo a corpo sou chamado de tio, até aí tudo bem.
Depois sou eletrocutado, tio paga uma cerveja, tio dá um dinheiro para eu fumar, tio dá um dinheiro para eu cheirar, tio quanto vale o meu corpo, tio transo contigo se me deres um dinheiro. Aproximo-me de um grupo de três meninas, imediatamente uma delas me diz: pode ir estacionar o teu esqueleto em outra banda aqui somos todas lésbicas.
A eletricidade ainda percorre a minha pele, entro no banheiro para tirar uma água do joelho, vou ficando só mas percebo um indeciso não tem cacoete de viado o meliante se aproxima e me diz: quero ver o teu lá fora.
Nunca fui nenhum santo e nem teria a hipocrisia de dizer que agora sou. No meu tempo a velocidade era de um Jorge Amado em seus Capitães da Areia, agora a velocidade é virtual e cibernética o sexo é de bandeja esta escancarado em todos os lugares pelos Capitães da Web ou os Capitães do Rabo Mole? Não há tempo para descobertas tudo está descoberto.
Mas o que eu queria dizer, mesmo não sendo o pai que deveria ser, penso nos meus filhos e choro, choro as lágrimas da incerteza.
Martoraro Bathke.
martoranobathke@hotmail.com
*Publicação permitida: desde que conste o nome e e-mail do autor.

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